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Cabo Verde: um país sui generis

Cabo Verde é um país sui generis.

Um arquipélago, no Sul do Atlântico Norte, situado no cruzamento de três continentes: a África, a Europa e as Américas.
Ganhou a sua independência, após a Revolução dos Cravos, com a Guiné-Bissau e percebeu, sem dramas, pouco depois, que a ligação contranatura com a Guiné não fazia sentido, visto que o laço principal que os unia residia na vontade política de um partido único: o PAIGC, criado pelo grande Amílcar Cabral, uma vez que o regime ditatorial de Salazar e Caetano nunca quis responder, positivamente, às propostas de negociação que lhe foram feitas.
Os tempos, entretanto, mudaram. A luta pela sobrevivência independente revelou-se particularmente difícil. Mas foi ganha.
Sendo o Estado mais pobre em recursos naturais (conhecidos), à excepção do génio do seu povo mesclado, que é extraordinário, como a diáspora, tão respeitada e bem colocada, tanto na Europa como na América, que não esquece a Pátria em que nasceu, é, seguramente, de todas as ex-colónias portuguesas, a mais bem governada, a de maior estabilidade política e a mais respeitada internacionalmente, por ser um verdadeiro Estado de direito.
Cabo Verde é o quarto arquipélago da Macaronésia, a contar do Norte para o Sul, do Atlântico Norte. Ou seja: Açores, Madeira e Canárias, regiões autónomas de Portugal e Espanha, consideradas territórios periféricos europeus, com os consequentes benefícios que daí resultam.
Cabo Verde perdeu, infelizmente, a oportunidade de pertencer a esse grupo, que tem uma unidade geográfica e um valor geostratégico incontestáveis, visto que fez, no momento da independência, como não podia deixar de ser, na época, uma opção africana.
Contudo, os dirigentes políticos cabo-verdianos são gente advertida, informada, séria e de excelente formação política. Há anos que a ideia de uma maior ligação à Europa vai fazendo o seu caminho, sem desconhecer as dificuldades que hoje se levantam. Há mesmo sobre esse tema uma certa unidade política entre os partidos do espectro partidário.
Cabo Verde tem vindo a transformar-se, tornando-se num centro privilegiado de turismo, com excelentes instalações hoteleiras, uma oferta considerável, para além da amenidade do clima, mesmo no Inverno, da agradável temperatura da água do mar e da afabilidade do povo, com uma música admirável e danças e folclore de grande qualidade.
Os europeus adoram Cabo Verde.
O actual Presidente da República, comandante Pedro Pires, grande resistente ao colonialismo e um reputado político - e um negociador de primeira qualidade -, declarou, recentemente, numa entrevista à AFP, cito, que "desejava ver o seu país aproximar-se, gradualmente, da União Europeia, para encontrar novas formas de garantir o desenvolvimento e a segurança".
São palavras pesadas e reflectidas. Portugal, país irmão - parceiro na CPLP de Cabo Verde, como o Brasil, os demais países africanos lusófonos e Timor -, tem o dever de tudo fazer, na União Europeia, para que esta não deixe cair em cesto roto a vontade expressa do Presidente Pedro Pires, em nome de Cabo Verde.
Num momento em que Cabo Verde expressa igualmente a intenção de se aproximar da NATO, Tratado do Atlântico Norte, tão distante hoje dos seus objectivos iniciais, mas que, necessariamente, com a mudança política americana e a chegada de um Presidente negro à Casa Branca pode bem vir a ganhar novas virtualidades de paz e progresso no mar Atlântico, como lhe chamava Pessoa...

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